Skip to main content

A Fertilização in Vitro (FIV) é uma técnica de reprodução assistida onde a fecundação é realizada fora do corpo humano. Ou seja, a FIV é um método de reprodução humana em que os espermatozoides são colocados em contato com os óvulos, no laboratório.

Em outras palavras, o espermatozoide penetra o óvulo e assim se forma o embrião – isso é o mesmo que dizer que o óvulo foi fertilizado. Então, após a fertilização, ele é inserido dentro do útero, onde espera-se que ele irá se implantar.

Essa é uma explicação geral sobre a Fertilização in Vitro, mas existem algumas particularidades nessa técnica tão utilizada por quem sonha em engravidar. Continue a leitura para aprender mais sobre isso!

Quais são as indicações da Fertilização in Vitro?

A Fertilização in Vitro é um tratamento indicado para casais que apresentam infertilidade por vários fatores. Inicialmente, a indicação da FIV era especialmente para casais em que a mulher apresentava obstrução tubária, isto é, das trompas.

Esse ainda continua sendo um dos fatores principais para o uso da técnica. Além disso, hoje em dia, com muito aperfeiçoamento e conhecimento sobre fertilidade como um todo, a FIV também é indicada para casais com fator masculino de infertilidade, mulheres que enfrentam endometriose, bem como com Infertilidade Sem Causa Aparente (ISCA), gravidez para casais homoafetivos, entre outras indicações.

4 passos básicos em um ciclo de FIV

Para deixar bem claro como a FIV funciona, você irá conferir um resumo de quatro passos comuns de um ciclo desse tratamento para engravidar:

  • Estimulação da ovulação e rastreamento por ultrassonografia;
  • Coleta ovular por punção ovariana;
  • Inseminação do óvulo, fertilização e cultura de embriões;
  • Transferência de embriões.

1. Indução da ovulação na Fertilização in Vitro

Para que seja feita a estimulação da ovulação, são utilizados medicamentos que estimulam os ovários a produzirem vários óvulos maduros, em vez de apenas um, como ocorre espontaneamente em um ciclo menstrual.

A explicação para isso é que sabemos que as chances de ocorrer uma gravidez são maiores quando utilizamos vários óvulos em um ciclo. Mas tudo isso é feito de forma segura e controlada.

O tipo e a dosagem dos medicamentos utilizados vão variar de acordo com as particularidades e o histórico de cada paciente. Conheça a seguir alguns dos medicamentos mais comumente utilizados.

Bloqueio do pico de LH

Nessa etapa da Fertilização in Vitro, são utilizados medicamentos que promovem o bloqueio temporário das mensagens do cérebro para os ovários que promovem a ovulação – isto é, estamos falando do bloqueio do pico de hormônio luteinizante (LH).

Esse bloqueio “tira” do cérebro o controle do ciclo, fazendo com que o médico passe a ter maior domínio sobre o dia da ovulação.

Esses medicamentos, chamados de análogos do GnRH, podem ser de dois grupos:

  • Agonista do GnRH e Antagonista do GnRH – usados por via subcutânea. A época, a dosagem e a duração do uso do análogo vão depender das características da paciente e do tipo de estimulação empregado.

Estimulantes da ovulação

Os estimulantes Gonadotrofina Humana Menopausada (HMG), Hormônio Folículo Estimulante recombinante (FSHr) e Hormônio Luteinizante recombinante (LHr) são os principais medicamentos aplicados em via subcutânea.

O objetivo deles é promover o crescimento de vários folículos, isto é, uma indução de superovulação. Mas tudo deve ser feito em dosagem adequada para cada paciente. Isto é, a dose a ser utilizada depende das particularidades da mulher.

Estimulantes da maturação dos óvulos

Na Fertilização in Vitro, também são utilizados os estimulantes da maturação dos óvulos contidos no folículo, por meio de outra gonadotrofina (geralmente, o HCG). Esses tipos de medicamentos são administrados em via subcutânea e devem ser rigorosamente aplicados no horário orientado pelo médico. Esse horário de aplicação é determinante para o horário da coleta ovular.

Em meio a esse processo, são realizadas ultrassonografias endovaginais seriadas (rastreamento de ovulação) para acompanhar o desenvolvimento dos folículos ovarianos (estruturas que contêm os óvulos) e o endométrio.

E, assim, quando os folículos atingirem o tamanho médio de 18 mm, a paciente irá receber a injeção de HCG.

2. Como ocorre a coleta do óvulo

A coleta do óvulo ocorre por meio de uma técnica chamada de aspiração transvaginal guiada por ultrassonografia. O casal deverá comparecer na hora marcada, e a paciente deve estar em jejum. Essas e outras recomendações serão passadas a você pelo médico.

Esse procedimento deve ser realizado em centro cirúrgico, sob sedação, na presença de um anestesiologia.

Acoplada a um guia, a sonda do ultrassom é introduzida na vagina da paciente, e as imagens são vistas no monitor (tela do US), de forma a orientar o médico para aspirar o líquido dos folículos ovarianos.

Onde está o óvulo

Dentro do líquido folicular, está o oócito – o gameta feminino. Assim, a extração do líquido folicular é feita por aspiração através de uma agulha que está conectada ao guia da sonda do ultrassom a uma bomba de sucção com pressão controlada.

O líquido coletado em um tubo é entregue ao embriologista que, por sua vez, irá examiná-lo com ajuda de um microscópio, e encontrar os óvulos.

Os óvulos identificados são colocados dentro de um líquido especial conhecido como “meio de cultivo” e, então, são colocados em uma incubadora a 37ºC. Após a coleta do óvulo, é a vez do parceiro coletar o sêmen, que então passará por um preparo (beneficiamento) no laboratório.

É preciso internar?

Apesar de a coleta ocorrer em centro cirúrgico, a internação não é necessária. A paciente permanecerá em repouso por um período de aproximadamente três horas, podendo, então, retornar para seu domicílio.

Durante esse dia, ela deverá ficar de repouso, evitando exercícios físicos, relações sexuais e atividades que exijam atenção, como dirigir automóveis. Além disso, não é aconselhável que o uso de medicamentos para dor, sem a orientação da equipe médica.

O casal será informado sobre todas as recomendações que deverão ser seguidas e a quem recorrer em caso de dúvidas.

3. Inseminação, fertilização e cultura dos embriões

Os óvulos aspirados são examinados no laboratório, e cada um é classificado de acordo com o grau da maturidade.

A inseminação – isto é, posicionamento dos espermatozoides com os óvulos –, ocorre algumas horas após a coleta. Por meio de técnicas laboratoriais, os espermatozoides são separados do líquido seminal, sendo feita uma seleção dos melhores.

Então, eles são colocados em contato com os óvulos nas placas de laboratório, que contêm meios de cultivo apropriados para a Fertilização in Vitro. Esses recipientes são mantidos em uma incubadora sob temperatura semelhante à do corpo da mulher.

Nos casos de Injeção Intracitoplasmatica de Espermatozoide (ICSI), o espermatozoide é injetado diretamente dentro do óvulo por meio da técnica chamada de micromanipulação.

Após algumas horas de inseminação, os óvulos são avaliados sob microscópio, e o especialista em reprodução assistida verifica se ocorreu a fertilização, ou seja, a formação do embrião.

Divisão celular

Passadas cerca de 18 horas após a fertilização, o embrião se divide em duas células. Na verdade, ele pode se dividir várias vezes dentro da estufa.

Depois de 48 a 72 horas, o embrião que tem quatro a oito células já estará pronto para ser transferido para o útero.

Em casos selecionados, os embriões são cultivados por mais tempo em laboratório, até atingirem o estágio chamado de blastocisto. Nesses casos, a transferência é realizada cerca de cinco dias após a fertilização – período conhecido como D5.

4. Transferência de embriões após FIV

Depois da fertilização, o próximo passo no processo é a transferência de embriões para o útero. Esse procedimento também não requer a internação da mulher, e não é necessário que ela passe por anestesia.

A paciente é colocada em posição ginecológica e o médico introduz um espéculo vaginal para expor o colo uterino. Ou seja, é semelhante a um exame ginecológico de rotina.

Então, um ou mais embriões, suspensos em uma gota do tal meio de cultura, são colocados em um cateter de transferência – um tubo plástico longo, fino, estéril e flexível –, com uma seringa acoplada na ponta.

O médico guia cuidadosamente a ponta do cateter por dentro do canal cervical da paciente, depositando na cavidade uterina o fluido com os embriões.

Todo o procedimento dura aproximadamente 30 minutos. Não é necessário que a paciente permaneça em repouso após o procedimento.

Número de embriões transferidos

O número de embriões transferidos deve obedecer as regras do Conselho Federal de Medicina, conforme a Resolução CFM 2.168/2017. Em resumo, esta é a orientação:

  • Até 35 anos = máximo de dois embriões;
  • Entre 36 e 39 anos = máximo de três embriões;
  • 40 anos ou mais = máximo de quatro embriões.⠀

Além disso, a resolução determina que 50 anos de idade é o limite para as técnicas de reprodução assistida em mulheres, mas podem haver algumas exceções.

Seguindo as normas, o número de embriões a serem transferidos será determinado pela equipe médica, em conversa com o casal.

Embriões extras podem ser criopreservados (congelados), com a proposta de descongelá-los e transferi-los em outro ciclo, caso necessário. O médico e o casal tomam essa decisão sobre criopreservação e transferência posterior.

Manutenção da fase lútea

A fase lútea do ciclo menstrual é aquela após a ovulação e anterior à menstruação, que indica que a mulher não está grávida. Mas, num processo de Fertilização in Vitro, após a indução da ovulação e a transferência embrionária, espera-se que nessa fase o embrião se fixe na parede do útero.

Por isso, depois da transferência, a paciente será orientada a utilizar medicamentos durante as primeiras semanas, para ajudar na manutenção da gravidez. Após esse período, a própria placenta irá produzir os hormônios necessários.

É importante que a medicação seja usada exatamente como prescrita e pelo tempo indicado. A suspensão da medicação antes do tempo pode levar a uma falha na implantação ou perda embrionária (aborto).

Quando fazer teste de gravidez após a FIV

Depois que o processo todo da Fertilização in Vitro foi concluído, a paciente deve aguardar cerca de 12 dias para realizar o teste de gravidez. O médico irá orientar o dia exato em que o exame de sangue para detectar a gravidez deve ser feito.

Durante esse período de espera pelo resultado da FIV, é aconselhável que a mulher evite relações sexuais e atividades físicas intensas. No caso de sangramento vaginal, dor abdominal intensa, febre ou outros sintomas, a equipe médica deve ser avisada.

Para agendar sua consulta, clique aqui.