A chamada infertilidade secundária, quando casais que tiveram uma gravidez de sucesso enfrentam dificuldades para ter o segundo filho, pode ter diversas causas
Quando falamos de infertilidade, logo pensamos em pessoas que não podem ou têm dificuldade para ter filhos, certo? De forma bem resumida, o raciocínio está, sim, correto, mas é preciso levar em conta que existem casos em que somente na tentativa de ter o segundo filho é que o casal começa a perceber dificuldades para conceber.
Precisamos considerar também se aquele casal já tem filhos, independente dos cônjuges já terem filhos com outros parceiros. A infertilidade do casal é considerada primária se aquele casal nunca engravidou (“entre eles”) – independente do resultado da gravidez (aborto, ectópica ou o nascimento de um filho vivo) –, e secundária, se o casal já teve uma gravidez em comum, independente do resultado.
Com o passar do tempo, ocorrem algumas alterações no organismo que podem levar à infertilidade secundária. É comum que o casal leve até cerca de um ano para gerar um filho de forma natural, e cerca de 8% podem levar mais de dois anos para engravidar. Mas é preciso entender se há questões de saúde envolvidas nessa demora, inclusive quando a tentativa é para ter o segundo filho.
O primeiro ponto a ser considerado para a dificuldade de ter o segundo filho é a idade da mulher. Esse fator tem forte influência no sucesso de uma gravidez natural. Imagine o seguinte cenário: a mulher teve seu primeiro filho por volta dos 29, 30 anos. Assim, após uma longa espera, ela e seu parceiro resolvem aumentar a família. O tempo que passou pode ter um impacto. Isso porque a partir dos 35 anos ocorre uma queda natural da fertilidade da mulher.
Além da diminuição da reserva ovariana, a mulher tem maior chance de desenvolver miomas, endometriose, infecções que poderão vir a contribuir com um aumento no risco de infertilidade.
Quais exames devem ser feitos?
Para entender o que está acontecendo, a mulher deve procurar um especialista, que irá pedir exames laboratoriais e de imagem, como a ultrassonografia endovaginal, e, quando necessário, acompanhamento de ovulação e radiografias da pelve e das trompas, para avaliar principalmente a permeabilidade das tubas uterinas.
A Contagem de Folículos Antrais (CFA) também pode ser solicitada pelo médico, é realizada por meio da ultrassonografia endovaginal e auxilia na avaliação da chamada reserva ovariana.
Entre os exames laboratoriais, podem incluir testes que avaliam a chamada reserva ovariana. A dosagem dos hormônios FSH (hormônio folículo estimulante), LH e Estradiol está entre os exames. Quanto maior o valor do FSH, menor a reserva ovariana. Seu resultado vale quando analisado juntamente com o Estradiol.
Há ainda o exame de AMH (hormônio antimülleriano), que é mais sensível que o FSH. Seu valor é diretamente proporcional à reserva ovariana, ou seja, quanto maior o valor, melhor a reserva ovariana.
O homem também deve investigar!
Não podemos descartar alterações no organismo masculino quando o casal enfrenta dificuldades para gerar o segundo filho. Por isso, o homem também precisa entender se há algo de diferente, procurando ajuda de um especialista.
O espermograma é o exame que irá indicar a qualidade do gameta masculino. Assim, pode-se descobrir que a diminuição da concentração e da motilidade dos espermatozoides está interferindo no sucesso de uma gravidez.
O fato de já ter um filho, não dispensa a realização do espermograma. O importante é que o casal seja avaliado de forma individualizada, levando em consideração o tempo de infertilidade, a história clínica dos parceiros e principalmente a idade da mulher.