Pesquisadores nos EUA apresentam os riscos de “glamourizar” a gravidez tardia
Ter filho após os 40 anos é uma realidade para muitas mulheres, e as celebridades vêm mostrando isso. Madonna, Naomi Watts, Julia Roberts, Nicole Kidman são algumas das famosas internacionais que levaram uma gestação tardia. No Brasil, a cantora Ivete Sangalo, por exemplo, foi mãe de gêmeas, aos 45 anos, em fevereiro de 2018. Ivete, inclusive, contou com técnicas de reprodução assistida, que incluiu o congelamento prévio de gametas.
Apesar de a medicina reprodutiva favorecer muito esse planejamento da mulher que opta por ser mãe depois dos 35 anos,as complicações de uma gravidez tardia e da saúde do bebê precisam ser levadas em conta.
Esse alerta foi feito em um congresso científico no Texas, nos Estados Unidos, no final de 2017. Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Nova York e do Centro Médico de Langone apresentaram um trabalho apontando como a mídia abordava a fertilidade e a gravidez das celebridades em revistas de grande circulação.
Eles levantaram a hipótese de que as reportagens sobre as gestações de celebridades em idade avançada contribuem para o mau entendimento do público sobre o envelhecimento reprodutivo. Isso porque as publicações “glamourizam” a gravidez em mulheres mais velhas e contribuem para que mulheres jovens imaginem que a fertilidade é flexível. Essas conclusões dos estudiosos foram com base em análises de revistas de grande circulação, voltadas para o público feminino, em idade reprodutiva.
Para o presidente da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, Richard J. Paulson, é natural que as mulheres estejam optando por ter filhos nos 30, 40 anos, uma vez que cada vez mais priorizam a carreira. Entretanto, ele cobra transparência sobre as questões de fertilidade. “A relutância das celebridades e da mídia em mostrar os desafios que, muitas vezes, acompanham a tentativa de conceber e ter filhos em idades mais avançadas é uma forma de desinformação que pode afetar as decisões do público”, afirma.
Análise de cada caso é individual
O alerta dos americanos faz sentido, uma vez que após os 30 anos, as chances de uma gravidez diminuem porque a reserva de óvulos se reduz naturalmente. A mulher já nasce com determinada quantidade de óvulos e não produz além deles. A partir dos 35, essa queda vai se tornando ainda mais rápida e acentuada, alcançando índices muito baixos de fertilidade após os 42 anos.
Quando a mulher passa a ter dificuldades para conceber, ela deve procurar um especialista para avaliar a fertilidade e, então, recorrer a técnicas de reprodução assistida, se for o caso. Mas, vale destacar que a análise de cada caso é individual e personalizada.
Em casos que nem mesmo os tratamentos tornam possível uma gravidez com uso de óvulos próprios, a paciente pode recorrer à doação de óvulos. Contudo, quanto mais tarde a mulher optar por engravidar, maiores são as chances de gestações de risco ou alterações genéticas na criança, como a Síndrome de Down (quando utiliza seus próprios óvulos).