Conhecer número e qualidade da reserva ovariana é importante para decisão sobre engravidar
O relógio biológico feminino não acompanha as transformações da sociedade. Enquanto as mulheres se dedicam ao crescimento pessoal e profissional, o corpo não espera, reduzindo as chances de sucesso de uma gravidez após os 35 anos. Por isso, uma avaliação da reserva ovariana pode ser uma alternativa para planejar a chegada dos filhos.
Apesar de a idade ainda funcionar como o melhor marcador da reserva ovariana, alguns exames podem ajudar a avaliar essa reserva:
- Dosagem dos hormônios FSH (hormônio folículo estimulante) e Estradiol: deve ser realizada no início do ciclo menstrual, não tem valor em pacientes que usam hormônios, como pílulas anticoncepcionais e, apesar de não ser o método que apresenta maior sensibilidade, ainda é utilizado amplamente no estudo da reserva ovariana. Quanto maior o valor do FSH, menor a reserva ovariana. Seu resultado vale quando analisado juntamente com o Estradiol.
- AMH (hormônio antimülleriano): tem maior sensibilidade que o FSH e conta com a vantagem de praticamente não sofrer a influência do uso de hormônios. Seu valor é diretamente proporcional à reserva ovariana, ou seja, quanto maior o valor, melhor a reserva ovariana. Seu resultado não está comprovadamente ligado à chance de gravidez e, por ser um exame de custo elevado e não ser coberto pelos convênios, o uso não é rotineiro.
- Contagem de Folículos Antrais (CFA): refere-se ao número de folículos em um estágio inicial (antral) presentes nos ovários que podem ser contados por meio da ultrassonografia transvaginal. Apresenta uma sensibilidade semelhante ao AMH e maior que o FSH. Apesar de precisar ser realizado em um aparelho de boa qualidade e por um médico experiente, o custo é relativamente baixo e pode ter um grande valor.
Entretanto, não existem análises que avaliam perfeitamente a reserva ovariana, explica a médica Cláudia Navarro, especialista em reprodução assistida. Por outro lado, ela afirma que esses testes podem oferecer informações para ajudar as mulheres a decidirem a hora de engravidar. “Esses exames podem ser uma alternativa para as mulheres conhecerem o próprio organismo e adiantarem ou adiarem o plano de uma gravidez”, exemplifica.
A especialista alerta, porém, para a queda da capacidade reprodutiva após os 30 anos. “A partir dos 35 anos, essa queda vai se tornando ainda mais rápida e acentuada, alcançando índices muito baixos de fertilidade após os 40 anos”, explica Claudia Navarro.
Congelamento
Para quem opta por postergar a maternidade, o congelamento de óvulos é um tipo de procedimento já presente na realidade das brasileiras. “Hoje já dispomos de avanços científicos que permitem o congelamento dos óvulos para que sejam utilizados posteriormente, quando for o momento adequado para aquela mulher”, explica a médica. Apesar de não apresentar uma garantia real de gravidez, pode ser uma opção que deve ser avaliada individualmente.
Sobre Cláudia Navarro
Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 1988, titulou-se mestre e doutora em Medicina (Obstetrícia e Ginecologia) pela universidade Federal também. Atua na área de Ginecologia e Obstetrícia, com ênfase em Reprodução Humana, atuando principalmente nos seguintes temas: donor oocyte, doenças genéticas, counseling, genetics e infertilidade. Atualmente, é diretora clínica da Life Search e membro do corpo clínico do Laboratório de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas da UFMG.