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Mesmo com as sucessivas perdas gestacionais, ainda é possível engravidar.

Imagine tentar uma, duas, três vezes seguidas e, em todas as ocasiões, a gestação ser interrompida em menos de três meses. Segundo a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva  – ASRM, essa situação acontece com cerca de 1% da população e é chamada de aborto espontâneo de repetição. 

De acordo com a ASRM, ele é definido pela ocorrência de três ou mais abortos consecutivos com perdas, usualmente, no primeiro trimestre.

É possível identificar e corrigir boa parte dos fatores que levam a essa situação, mas é preciso avaliar caso a caso, compreender a causa e promover possibilidades de tratamento para que a gestação siga o curso normal até o fim.

 As causas mais comuns dos abortos repetitivos são: 

1. Causa genética

As alterações cromossômicas são as causas de abortamento mais comuns, ocorrendo em cerca de 60% dos casos, segundo a ASRM. Nesses casos, uma saída possível é a realização da Fertilização In Vitro, com o chamado teste genético pré-implantacional, quando realizamos uma biópsia embrionária que possibilita analisar células do embrião e detectar alguma anormalidade genética.

Depois, apenas o embrião saudável é transferido ao útero. Vale lembrar que não existe um consenso de que esses testes sejam capazes de melhorar as taxas de sucesso nas gestações em todas as mulheres. Por isso, cada caso deve ser estudado separadamente.

2. Questões endócrinas e/ou metabólicas

Alguns distúrbios hormonais podem atrapalhar a evolução de uma gestação, como: hipertireoidismo, hipotireoidismo, elevado nível de prolactina (hormônio responsável pela estimulação da produção de leite pelas glândulas) e diabetes. Geralmente, o tratamento é realizado com medicamento e pode ser necessária a supervisão de um endocrinologista. Se a paciente tiver ainda um quadro de sobrepeso, a dieta também fará parte do tratamento.

3. Causa anatômica

Existem casos em que problemas com a formação do útero ou a presença de miomas podem atrapalhar a implantação do embrião e, consequentemente provocar um aborto. Se não for avaliada na primeira gravidez, essa situação será recorrente. Nesses casos, após a realização de exames, se houver indicação para tal, serão feitas intervenções cirúrgicas.

4. Questões imunológicas e hematológicas

Quando uma mulher apresenta doenças autoimunes, como lúpus, esclerose múltipla e hepatite autoimune, é possível que os abortos aconteçam com frequência. Nesses casos, o sistema imunológico reage de maneira contrária ao embrião, como se fosse um corpo estranho. Aqui, novamente, cada caso deve ser identificado e tratado de forma individualizada.

Outras doenças, que alteram a coagulação sanguínea da mulher, provocando tromboses mínimas, podem impedir a implantação do embrião. Quando isso acontece, após identificar esse tipo de alteração na coagulação do sangue, iniciamos o tratamento com uso de medicamentos específicos.

5. Hábitos não saudáveis

O uso de drogas ilícitas ou a ingestão excessiva de café, álcool e cigarro pode aumentar as chances de interrupção da gravidez. A melhor forma de buscar manter a gestação até o fim é interromper o uso dessas substâncias.

Em todas as situações, há de ser feita uma pesquisa para compreender a razão da perda, levando em consideração a especificidade de cada organismo e, claro, com respeito à perda da mulher e do casal. Com o tratamento adequado, é possível, sim, que o quadro seja alterado e a gestação seja completa.