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Em entrevista para o Portal Medicina & Saúde, a especialista em Reprodução Assistida, Dra. Cláudia Navarro, destacou que uma das principais dúvidas das pacientes é se a trombofilia pode levar a abortos e falha de implantação embrionária. “A trombofilia, em si, não é fator preponderante da infertilidade, mas em grande parte das vezes, existem outras questões ligadas à infertilidade e associadas à condição”, afirma Cláudia.

A especialista explica que a trombofilia é uma predisposição à trombose, decorrente de alterações hereditárias ou adquiridas da coagulação, que levam a estado pró-trombótico, que propicia tromboses venosas ou arteriais. O problema, geralmente, se manifesta em indivíduos jovens, no auge da capacidade reprodutiva. “Existem diversos fatores que causam a trombose, como a obesidade, o uso de hormônios, cirurgia, longos períodos no leito, viagem de avião de longa distância, câncer, tabagismo e gravidez”, destaca Cláudia.

Contudo, não é fácil se chegar a um diagnóstico com relação à predisposição à trombose. Trata-se de uma avaliação laboratorial, onde são feitos diversos exames que devem ser avaliados em conjunto com a história de trombose na paciente ou em parentes próximos. Nem toda paciente que tem algum exame alterado pode ser diagnosticada como portadora de trombofilia e receber tratamentos com anticoagulantes. “Muitas vezes, encontramos algum exame alterado, mas isso não indica que a paciente tenha trombofolia. É preciso pesquisar outras possíveis causas de infertilidade ou perdas gestacionais repetidas e só tratar a trombofilia se realmente o diagnóstico for comprovado”, afirma a médica.

Informações inadequadas acabam por gerar uma busca frenética por especialistas em Reprodução Assistida, sempre com a certeza de que a trombofilia é a causa de não conseguirem engravidar ou terem abortos de repetição.  “Muitas já chegam ao consultório com o diagnóstico fechado. Aí, entra o trabalho do especialista, de esclarecer e buscar as causas reais com relação à infertilidade”, afirma. 

Cláudia Navarro destaca que mulheres com um quadro de trombofilia conhecido ou histórico de trombose podem sim engravidar! “Sim, é possível. Contudo, é fundamental que ela esteja ciente de todos os cuidados a serem tomados e os riscos que pode correr, como hipertensão grave, restrição de crescimento do feto, parto prematuro ou abortos de repetição. Mas com um pré-natal bem feito e acompanhamento médico adequado, é possível ter uma gravidez tranquila e bebê e mãe saudáveis”, diz.

As técnicas de reprodução assistida, como a FIV podem, em casos específicos, serem indicadas. “Contudo, independentemente do tipo de técnica de reprodução assistida escolhida, pacientes com trombofilia devem ter tratamento e acompanhamento adequados, como forma de prevenir a formação de coágulos”, ressalta Cláudia. “Acredito em uma análise caso a caso, para que não haja indicação de medicamentos ou outros tratamentos de forma irrestrita”, orienta.

Sobre Cláudia Navarro

Cláudia Navarro é especialista em reprodução assistida e diretora clínica da Life Search. Graduada em Medicina pela UFMG em 1988, Cláudia titulou-se Mestre e Doutora em medicina (obstetrícia e ginecologia) pela instituição federal. Atualmente, atua na área de reprodução humana, trabalhando principalmente os seguintes temas: infertilidade, reprodução assistida, endocrinologia ginecológica, doação e congelamento de gametas.   

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