De 2020 a 2022, cresceu em 80% o número de mulheres com menos de 35 anos que realizaram o procedimento
Para a especialista em Reprodução Assistida Cláudia Navarro, a disseminação de informações sobre a possibilidade de preservar a fertilidade contribuiu muito para que, cada vez mais mulheres, buscassem o procedimento.
Ela explica que o congelamento de óvulos, na verdade, foi pensado inicialmente para as pacientes que iriam passar por tratamentos oncológicos, como a quimioterapia, que pode diminuir a reserva ovariana e deixar a mulher infértil. “Com o tempo, percebeu-se que essa técnica poderia ser usada também para aquelas pacientes que pretendem postergar um pouco a maternidade”, diz.
Prova dessa disseminação de informações sobre o congelamento são os frequentes depoimentos de artistas que optaram pela criopreservação: Monique Alfradique, Ellen Roche, Sabrina Parlatore, Camila Rodrigues, Paula Fernandes, Paolla Oliveira, Fernanda Paes Leme, Mariana Ximenes, Nanda Costa, Nicole Bahls, Gabriela Pugliesi são algumas das famosas que congelaram óvulos e falaram abertamente sobre o assunto.
Além do foco na carreira, o congelamento de óvulos é também um processo de planejamento familiar. Cada vez mais os casais planejam ter menos filhos. Para se ter uma ideia, hoje, no Brasil, a taxa de fecundidade está em 1,6 filho por casal. Dez anos atrás, em 2013, essa taxa era de 1,75. Em 1984, quando nasceu o primeiro bebê por meio de fertilização in vitro no Brasil, a taxa era de 3,6. Os dados são do Banco Mundial.
Postergar a maternidade e planejamento familiar são os motivos mais comuns citados por quem procura o procedimento, segundo Cláudia Navarro. “As mulheres estão deixando para engravidar cada vez mais tarde por causa do próprio mercado de trabalho. Elas querem estar sempre se atualizando, fazendo mestrado, doutorado”, exemplifica.
Cláudia explica que a fertilidade feminina tem uma queda acentuada após os 35 anos, e ainda mais severa após os 37. Ela esclarece que as mulheres já nascem com determinada quantidade de óvulos, que “envelhecem” junto com o corpo (vão perdendo a qualidade com o tempo). Quando um óvulo é congelado, ele permanece com a idade que tem, ou seja, se foi aos 32 anos, quando descongelado, ele ainda será um óvulo de 32. Quanto mais cedo forem congelados, maior a chance de serem mais saudáveis. “Óvulos de qualidade melhor vão nos permitir embriões de melhor qualidade e maior índice de gravidez. O ideal é que se procure uma clínica até os 34 anos”, orienta.
A médica explica ainda que o processo se inicia com uma avaliação e a paciente passa por alguns exames. Depois, ela precisa tomar injeções de um medicamento que estimula a ovulação (para que os folículos, que ficam no ovário, liberem mais óvulos que o normal). “Isso dura em torno de 10, 11 dias, e depende da resposta de cada paciente”, detalha.
Após esse processo, o médico fará ultrassons para “vigiar” a ovulação. No momento certo, acontece a coleta. “Ela é realizada em ambiente cirúrgico com uma sedação, uma anestesia mais superficial, digamos assim, e dura em torno de 15, 20 minutos. A paciente geralmente fica mais umas duas ou três horas na clínica para se recuperar bem antes de ir para casa”, diz.
Uma vez coletado, o óvulo pode ficar eternamente congelado em nitrogênio líquido a -196°C. Existem casos de bebês que nasceram de gametas congelados há cerca de 30 anos. Cláudia ressalta, porém, que, de acordo com as regras do Conselho Federal de Medicina (CFM), o gameta pode ser descartado pela clínica caso o paciente não cumpra com o combinado no contrato (como o não pagamento da mensalidade).
Quando descongelados, os óvulos são fecundados por meio da fertilização in vitro (FIV), cultivados em laboratório e inseridos no útero da mulher. No passado, os bebês nascidos dessa técnica eram chamados de bebê de proveta (proveta = tubo de ensaio). Esse nome caiu em desuso após evolução da técnica, e hoje a FIV é realizada com os gametas colocados sobre placas de cultura. Há ainda, dentro da FIV, a injeção intracitoplasmática (quando o espermatozóide é injetado no citoplasma do óvulo).
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