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O Jornal Estado de Minas publicou um artigo assinado por mim, no qual comento sobre Reprodução assistida e segurança. Confira a matéria na íntegra abaixo:

Todo e qualquer procedimento médico tem protocolos de segurança obrigatórios. Com os métodos de reprodução assistida não é diferente. Mesmo nos tratamentos menos invasivos, é regra proteger a saúde da paciente e também a qualidade do material que vai ser utilizado. 

A reprodução assistida é composta por vários tratamentos. Entre eles estão o congelamento de óvulos, a inseminação artificial e a fertilização in vitro, por exemplo. O que há de comum nessas três técnicas é a manipulação de gametas, femininos e masculinos, que ficam armazenados nas clínicas.

Jornal Estado de Minas

Para o armazenamento desses materiais, são adotados procedimentos que garantem a máxima segurança. Um dos pontos principais é a identificação correta durante todo processo. O material é sempre conferido por dois embriologistas para que os gametas sejam usados pelos pacientes sem que haja nenhuma intercorrência. 

Outro ponto fundamental é a conservação, que garante a manutenção da qualidade dos gametas – óvulos e espermatozóides.

E o mais importante é a saúde da mulher que vai ser submetida aos tratamentos. Os mais invasivos devem ser feitos em clínicas especializadas, com profissionais qualificados e em ambientes adequados. A limpeza e esterilização são obrigatórias para que qualquer tipo de infecção seja evitada. 

Na hora da transferência embrionária ou inseminação, é feita nova checagem da identificação dos embriões ou dos gametas. 

O porquê da reprodução assistida:

Cada vez mais as mulheres e homens solteiros, casais hetero e homossexuais têm recorrido à reprodução assistida. E temos alguns fatores para esse crescimento. Primeiro, as mulheres têm se dedicado a outros projetos, como estudos e carreira profissional, e, assim, optado por uma maternidade mais tardia, o que aumenta a chance de infertilidade. Nesse ponto, o congelamento de óvulos é um procedimento que deve ser considerado ainda em idade fértil. A mulher que não se planeja pode ter que lidar com o problema quando desejar engravidar.

Segundo, a reprodução assistida tem sido desmistificada cada vez mais, se tornando um “porto seguro” para os casais que, por algum motivo, enfrentam algum dos vários tipos de infertilidade.

O terceiro é também o aumento da maternidade/parternidade em casais homoafetivos. Os casais masculinos, por exemplo, estão amparados na resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que regulamenta o que chamamos de  “barriga solidária” e a doação de óvulos. E nos casais femininos, é possível fazer inseminação artificial com um doador anônimo ou do banco de sêmen. 

A reprodução assistida representa esperança para aqueles que não conseguem ter filhos por métodos naturais. A evolução e a popularização das técnicas e tratamentos demonstram a segurança dos procedimentos. Cabe a nós, especialistas em reprodução assistida, garantir cada vez mais a possibilidade da realização desse sonho.

* Cláudia Navarro é especialista em reprodução assistida. Graduada em Medicina pela UFMG em 1988, titulou-se mestre e doutora em Medicina (obstetrícia e ginecologia) pela instituição federal. Atualmente, atua na área de reprodução humana, trabalhando principalmente os seguintes temas: infertilidade, reprodução assistida, endocrinologia ginecológica, doação e congelamento de gametas.