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Informações arriscadas circulam livremente na internet e geram riscos à saúde dos envolvidos.

 Em tempos de livre acesso às redes sociais, temos que redobrar os cuidados com as informações que chegam até nós. Especialmente, quando estamos vulneráveis, desejosos de um sonho que parece não acontecer. Há anos, lido diariamente com pessoas que sonham com filhos. Conheço a realidade que envolve a frustração da espera e, por vezes, a limitação de recursos financeiros.  O resultado desse cenário é a popularização da chamada “inseminação caseira”, um método questionável e perigoso.

A prática é uma forma de engravidar sem a ajuda de especialistas e sem passar pelo ato sexual, visto que as tentantes buscam um doador de esperma, que doa o material, que é inserido no corpo da mulher sem contato íntimo, por meio de uma seringa comum.

Evite problemas no futuro

Do ponto de vista jurídico, a chamada inseminação caseira não é amparada por nenhuma legislação e, por isso mesmo, pode apresentar graves questões quanto ao registro do bebê:  o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) exige a apresentação de laudo da clínica de fertilização para registrar, por exemplo, a criança que terá um casal de mães. Por meio do método caseiro, elas não terão esse atestado, fazendo com que apenas uma das mães tenha o nome na certidão.

Além disso, quem garante que, um dia, o doador não venha reivindicar a criança, visto que não há nenhum aparato legal sobre isso? Os acordos informais ou feitos até por meio de termos de compromisso, assinados em papel pelas partes, não têm nenhuma validade jurídica.

Há, também, relatos pessoas que optaram pela prática e que foram surpreendidas por homens que se apresentavam como doares, mas depois cobravam pelo sêmen. O Conselho Federal de Medicina (CFM) veta qualquer possibilidade de cobrança pelo material genético.

O risco à saúde

Quando há o acompanhamento médico, as partes envolvidas na reprodução assistida passam por exames que averiguam a saúde de todos, para que haja certeza da qualidade da doação dos gametas, sejam os óvulos ou o espermatozoide. Quando não há esse rigor, o risco de transmissão de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) é alto, expondo as pessoas às doenças. Além das ISTs, os exames também identificam outras questões de risco, garantindo a qualidade do esperma. Também seria necessário a preparação do corpo da mulher por meio de exames, a averiguação da necessidade ou não da estimulação ovariana com ajuda de hormônios e ultrassonografias.

Outro fator que expõe perigosamente a mulher é durante o manejo dos espermatozoides – que têm um tempo de sobrevivência, e dos objetos que são utilizados, como potes de coleta e seringas, sem procedência ideal e sem esterilização. A prática amadora da inseminação pode ferir ou perfurar o canal vaginal.

Cuide-se e busque ajuda

Por mais que sua espera e suas limitações sejam um desafio, não torne seu sonho um pesadelo. Seja por questões médicas, que podem afetar a sua saúde e até a do bebê, você correrá um risco do ponto de vista legal, que pode se tornar um grande problema no futuro.

Sonhos devem ser vividos com alegria máxima. Cuidar de uma vida demanda cuidados desde sempre, inclusive na hora da fecundação. Cuide-se para ter uma história linda para contar ao seu filho! E, para isso acontecer de forma segura e saudável, busque ajuda em recursos médicos e psicológicos quando necessário.