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O primeiro bebê de proveta nasceu em 1978. A chegada da britânica Louise Brown ao mundo foi um marco na história da Reprodução Assistida. Afinal, era o primeiro ser humano a ser concebido fora do corpo da mulher, por meio de uma técnica muito evoluída para a época.

Anos depois, em 1984, a paraense Anna Paula Caldeira, de São José dos Pinhais, se tornou a primeira bebê de proveta nascida na América Latina e no Brasil.

Desde então, a Reprodução Assistida cresceu muito no mundo inteiro. Os avanços tecnológicos e as diversas pesquisas na área contribuíram para o aprimoramento das técnicas e a realização dos sonhos de diversos casais que sofrem com a infertilidade.

Ao longo deste artigo, vamos lembrar como a especialidade cresceu no Brasil e também como as regras se atualizaram e se adaptaram à evolução dos tratamentos.

Por que Bebê de Proveta?

Parece algo vindo de outro planeta, mas não é. O nome proveta vem de um objeto simples: tubos de ensaio utilizados em laboratório para a mistura de componentes. No início das pesquisas em reprodução humana, óvulos e espermatozóides eram unidos dentro de uma proveta. Daí o nome.

Com o tempo e o aprimoramento das técnicas, o nome caiu em desuso. Hoje, a fecundação em laboratório, por meio da Fertilização In Vitro (FIV), acontece em placas, que contêm meios de cultivo apropriados para a técnica. Esses recipientes são mantidos em uma incubadora sob temperatura semelhante à do corpo da mulher.

Há casos de Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoide (ICSI), quando o gameta masculino é injetado diretamente dentro do óvulo por meio da técnica chamada de micromanipulação.

Técnicas

Veja aqui como funciona a Fertilização In Vitro.

Por ser a primeira a ganhar holofotes, a FIV é a técnica mais lembrada quando se fala em reprodução humana. Porém, outras técnicas e exames específicos para rastrear infertilidade surgem para aprimorar a especialidade médica.

Entre as diversas alternativas, podemos citar:

Inseminação Intrauterina (IIU) – mais simples que a FIV, consiste na introdução do esperma dentro do útero da mulher, durante procedimento em consultório. Essa técnica é auxiliada pelo ultrassom endovaginal, que, antes de tudo, monitora a ovulação para que a inserção aconteça no melhor dia.

Coito programado – também com o auxílio do rastreamento da ovulação, e em alguns casos com uso de medicamentos para estimular o amadurecimento dos folículos, o médico indica o dia ideal para que o casal tenha relações sexuais.

Útero de substituição – a chamada barriga solidária consiste no “empréstimo” do útero para gerar o bebê do casal. A fecundação acontece por meio de FIV, com material genético do casal e o embrião, que depois, é inserido no útero da doadora. A alternativa é muito utilizada por mulheres que não podem gerar seus bebês no próprio útero e também por casais LGBTQIA+.

Tecnologias e avanços científicos

Não podemos falar sobre a evolução dos tratamentos sem lembrar dos diversos avanços científicos na área que permitiram novos exames e formas de preservar a fertilidade.

O congelamento de embriões certamente representa um grande progresso da Reprodução Assistida. Os primeiros bebês do mundo a nascerem de embriões congelados datam de meados da década de 1980. Estima-se que a sobrevivência de embriões após o descongelamento supere os 95%. Como consequência da evolução das pesquisas,  a vitrificação foi estendida aos óvulos.

O congelamento de óvulos é hoje uma ferramenta de preservação da fertilidade feminina. Com o crescimento da mulher no mercado de trabalho e consequente adiamento da gravidez, ao longo do tempo tornou-se uma demanda congelar os gametas ainda jovens para que sejam utilizados em momento oportuno, mesmo quando a capacidade reprodutiva feminina cai consideravelmente.

Segundo publicação da Fiocruz, que compara dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS), a maternidade em mulheres mais velhas cresceu no Brasil, nos últimos 20 anos. O percentual de novas mães acima dos 35 anos passou de 9,1% em 2000 para 16,5% em 2020.

Outro avanço científico da área é o Diagnóstico Genético de Embriões. Em laboratório, um exame no embrião, fecundado por meio da FIV, permite um mapeamento genético e a análise da saúde. Isso significa que, caso sejam encontrados embriões com problemas genéticos, eles são descartados. A técnica permite a escolha de embriões saudáveis a serem transferidos para o útero, aumentando as chances de gravidez.

Além dos testes no embrião, outros exames também são considerados avanços nas análises laboratoriais da Reprodução Assistida. Como é o caso do Cariótipo, que parte de um exame de sangue comum.

Esse exame permite identificar as alterações cromossômicas numéricas e as estruturais. Ou seja, quando falta ou sobra determinado cromossomo e também se falta ou sobra alguma parte de um cromossomo. Algumas dessas alterações podem indicar a dificuldade para engravidar ou manter a gestação.

Por fim, o desenvolvimento de novos exames e tratamentos acompanhou também a evolução dos exames de imagem, cada vez mais aprimorados, que auxiliam muito no rastreamento da infertilidade. 

Regras da Reprodução Assistida no Brasil

A primeira normatização para a Reprodução Assistida no Brasil data de 1992, quando o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou a Resolução nº 1.358/1992, no Diário Oficial da União, em 19 de novembro. A norma estabeleceu os primeiros critérios éticos para praticar a medicina reprodutiva no país.

Posteriormente, a normatização foi revogada por uma resolução de 2010. Desde então, houve várias atualizações que acompanharam a expansão das técnicas e atualização das tecnologias.

O incremento mais recente na norma aconteceu em setembro de 2022, quando o CFM anunciou novas regras para a Reprodução Assistida no Brasil, por meio da Resolução nº 2320/2022.

Números

Toda essa evolução da medicina reprodutiva se traduz em números cada vez mais otimistas. Segundo o 14° Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), em 2021, os procedimentos de FIV voltaram a crescer, com a realização de 45.952 ciclos no país. O documento aponta também que, em 2020 e 2021, foram congelados mais de 202 mil embriões. 

De acordo com o relatório, em 2020 a taxa de fertilização ficou acima de 75%. Esse indicador compara o número de óvulos fecundados em relação ao total de óvulos inseminados. Segundo a Anvisa, os valores sugeridos pela literatura internacional indicam que esse percentual deve ficar acima de 65%.

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